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YÁTRA

Texto e Dramaturgia: Carla Vasconcelos, Hugo Sovelas, Maria João Miguel | Encenação: Maria João Miguel | Cenografia, Figurinos e Adereços: Ana Limpinho | Desenho de Luz: Alexandre Costa | Música Original: Adriano Filipe | Design Gráfico: Nuno Franco | Fotografia da Leitura Encenada: Paulo Virgílio | Produção Executiva: José Mateus | Co-Produção: Propositário Azul/Centro Cultural Malaposta | Interpretação: Carla Vasconcelos e Hugo Sovelas | Voz-Off: José Mateus
Estrutura Financiada pelo MC/DGArtes

"À India qualquer um vai. Até o navegador lá chegou. Agora ir à India numa trotinete a fazer de conta que está motorizada… não é para qualquer um.

Um espetáculo com duas personagens demasiado humanas que nos faziam rir quando devíamos estar a chorar ou com dois comediantes extraordinários que nos faziam chorar quando riamos.

Um espetáculo de sensibilidade extrema. Obrigado Carla , Hugo e Maria João."

 

Rui Sérgio (Director do Departamento Cultural - Inatel) - 09/02/2012

Yatra

O Yátra surgiu porque tanto eu como a Ana Limpinho (cenógrafa deste espectáculo) queríamos colocar um dia uma tricicleta num espectáculo. Mas o que fazer com uma tricicleta? Este tinha de ser um objecto mágico, não poderia servir para fazer apenas um simples trajecto. Tinha de ser capaz de ultrapassar todos os obstáculos, caso contrario não teria interesse e seria apenas isso, uma tricicleta! Lembrei-me da ida à Índia, por ser um feito, para nós portugueses, histórico. Faltava o motivo. O motivo tinha de ser nobre. Esta seria uma viagem suicida, onde o amor seria o motor de tudo. Neste caso, o amor entre irmãos. E assim nasceram estas três personagens: Maria Rosa, Jorge Augusto e Adelino: uma família estruturada pela irmã mais velha. Jorge Augusto é o “tolinho” da aldeia (mas que sabe mais do que os outros pensam) e Adelino o aventureiro. Como só tinha dinheiro para duas personagens (e a tricicleta só tem dois lugares!) matei o Adelino e fiz do desejo dele o motivo que me faltava. Escrevi o monologo inicial e mostrei-o à Ana, ao Hugo e à Carla. Eles adoraram a ideia. Depois mostrei-lhes o percurso que iriam fazer (segundo o Google maps eles fariam em 188 dias mais 12 horas), e expliquei
que teriam de ir por baixo de água, a voar, enfim, nunca poderiam recorrer a outro veículo que não fosse a tricicleta. A partir daí, começámos a ensaiar, a improvisar, a investigar sobre cada zona para percebermos o que seria interessante explorar. E ao longo das improvisações fomos construindo o texto e surgindo os desafios. Felizmente tive comigo a MELHOR CENÓGRAFA do MUNDO: a Ana Limpinho, que gosta de trabalhar o mundo imaginário tal como eu, e conseguiu resolver questões como a Maria Rosa fazer do vestido um paraquedas, ou fazer a tricicleta voar. Lembro-me que os ensaios foram muito divertidos, parecíamos crianças a brincar ao faz-de-conta. E o meu objectivo era mesmo esse, fazer com que o espectáculo levasse à letra a palavra TEATRO, onde
tudo é possível. Os nossos códigos tinham de ser muito claros para que o público embarcasse neste nosso imaginário e connosco brincassem.


Este foi um processo colectivo. Todos participaram, todos trouxeram ideias. A música, original do Adriano Filipe, tinha sempre a mesma melodia, apenas alterava nos instrumentos, uma maneira de mostrar o país onde estavam. Eu queria dar a sensação de que uma banda filarmónica andava atrás da Maria Rosa e do Jorge Augusto. A luz completava a cenografia e vice-versa. Era a luz que dava a sensação deles estarem debaixo de água, juntamente com o trabalho físico dos actores, e era a luz (do Alexandre Costa) que dava a ilusão da tricicleta levantar voo. A produção, a cargo do José Mateus, esteve sempre presente nos ensaios a resolver todos os nossos desafios financeiros!

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