top of page

TEMPOS DE PALCO

Chamo-lhe Tempos de Palco porque de facto foram, são e serão sempre tempos marcados em momentos especiais! Comecei a sério em 1995, tinha 17 anos quando, depois de uma experiência de dois anos na escola secundária, entrei para o Conservatório de Teatro, ou seja, a Escola Superior de Teatro e Cinema. Ao longo dos anos, fui-me integrando em companhias de Teatro e realizando, paralelamente, os meus próprios projetos. Sempre adorei ser dirigida! Ser encaminhada para zonas que desconhecia em mim. Talvez por isso, fui descobrindo que o que eu mais gostava mesmo era de dirigir outras pessoas, levá-las para zonas que elas próprias desconheciam. A descoberta conjunta sempre fez parte da minha vida. O processo de partilhar a construção de um objeto artístico comum fazia-me fervilhar por dentro. Como é que uma primeira ideia podia crescer tanto? Atores, cenógrafos, figurinistas, músicos, desenhadores de luz, produtores e quem mais entrasse no espectáculo, partilhavam as suas ideias, davam os seus palpites e assim, de repente, tínhamos o nosso espetáculo. Aqui todos tinham o sentimento de pertença e isso deixa-me feliz!

Com amigos, eu, o Hugo Sovelas, a Ana Limpinho, o Nuno Nunes e a Andreia Rodrigues criámos a Propositário Azul, e mais tarde juntaram-se a Sónia Neves e a Maria João Serrão. Fomos durante alguns anos companheiros na Vida e no Teatro. Construímos as nossas histórias e levámo-las à cena. Oferecemo-las ao público e brindámos até altas horas da noite. Viajámos pelo país e rimos muito, muito mesmo! Até que um dia resolvi sair de cena, tirar uma folga e tornar-me MÃE! Assim que senti a minha primeira filha dentro de mim soube que não queria estar longe dela, não queria viajar mais pelo país, nem passar as noites fora. Ela seria o meu público, o meu espectáculo que iria estrear todos os dias, a minha busca pelo desconhecido e eu... dela. Depois veio a minha segunda filha e a emoção duplicou, as descobertas duplicaram, as estreias diárias também, assim como a felicidade. Muitas vezes perguntam-me se deixei o palco. Eu respondo que estou de folga! Neste espectáculo de ser MÃE não há pressas. Ficarei aqui enquanto sentir que é aqui o meu lugar. Como sempre, continuarei a escutar-me e a seguir o caminho que me faz feliz. 

Entretanto, vou continuando no Teatro da maneira que mais prazer me dá, dando formações, fazendo algumas encenações, dirigindo atores, em palco ou em estúdio, mas nada que me roube do meu precioso cantinho que é o de estar com as minhas filhas!

Onde é que andam os registos dos espetáculos??????

Sou péssima nesta coisa de guardar fotografias ou qualquer tipo de registo de espetáculos! Talvez por isso nunca tenha feito um site: por falta de material e por falta de paciência! E se pensarmos bem, o Teatro é um momento que serve para ser vivido e sentido. Depois, ficam as memórias! Mas como desta vez me obriguei a tentar compilar o que conseguir, cá vai, da forma possível, que no fundo é a que me caracteriza!!

Capítulo 1
Buraco Negro dos registos...

Estreei-me profissionalmente n' A Barraca. Estava em 1996... acho! Ao mesmo tempo fazia o Conservatório. Não foi fácil! Entrei para fazer As Viagens de Gulliver. Estava super entusiasmada porque iria trabalhar com o José Mário Branco, pois as minhas personagens fartavam-se de cantar! Felizmente para mim tive a oportunidade de aprender com um dos que eu considero meus mestres, no que diz respeito à sensibilidade da palavra. Mas a minha estreia acabou por ser no espetáculo Viva La Vida, de Hélder Costa, numa substituição de última hora. O meu padrinho do Teatro é o Pedro Alpiarça que, ainda hoje mesmo ausente é um dos pilares do que sou como pessoa e como artista.

Não tenho fotos nenhumas da minha passagem pel' A Barraca, nem do Viva La Vida, nem de As Viagens de Gulliver, nem do Bode Expiatório! Mas garanto que estive em todos os espetáculos!! Fica aqui uma canção maravilhosa do grande José Mário Branco que tive o prazer de cantar juntamente com o doce José Boavida!

Capítulo 2
Experiências e o Buraco Negro continua....

Depois de terminar o Conservatório, andei a experimentar outras companhias e a experimentar-me. Com uma amiga, a Edite Vicente criei o meu primeiro espectáculo colectivo chamado Era uma vez Iôá e Zauí, uma aventura onírica num universo fofinho!! Experimentávamos o trabalho físico e a relação com as sombras. Registos? Só na memória...!

Depois veio o Teatro Babá e A Fada Oriana de Sophia de Melo Breyner, ditigido pelo Rui Pisco. Durante um ano fui uma fada, ri-me, brinquei, partilhei o palco com gente maravilhosa... Registos? Só na memória...! 

Ainda no Teatro Babá fiz de Cinderela e nem uma foto...

Depois fiz as malas e fui para Montemor-o-Novo com o Hugo Sovelas e com o Rui Quintas. Fizemos As Duas Corcundinhas do José Boavida e um outro texto, desta vez meu, que pedi ao Rui para o encenar. Chamava-se Os Incidentes. Há registos de termos vivido no Convento da Nossa Senhora da Saudação antes de O Espaço do Tempo existir. Naquela altura eu dizia que era princesa e que o castelo era meu. E foi. Foi nosso durante uns meses. Hei-de encontrar essas fotografias comprometedoras de um tempo cheio de memórias!

Capítulo 3
Porto.
Mudança de século.
Início de registos. Poucos.

Mudei-me para o Porto em 2000.

Queria ter o Rogério de Carvalho como professor e ele dava aulas na ESMAE.

Aqui trabalhei com o Teatro Plástico e com a SomNorte, começando uma nova paixão: as dobragens.

No Teatro Plástico, juntei-me ao Francisco Alves e às suas ideias criativas e fiz o Cinemascope e o Depois do Paraíso, de Israel Horovitz, duas experiências incríveis!

cinemascope.jpg
Cinemascope
Depois do Paraíso
depois do paraíso.jpg

Pelo meio fiz o Kvetch, de Steven Berkoff, encenado pelo Álvaro Correia. Estava na ESMAE e juntei-me a um grupo maravilhoso de jovens criadores que, comigo terminavam a licenciatura. Falo do João Melo, do Fernando Landeira, da Mariana, do Nuno Meireles e da Marta Silva (a quem roubei a foto!) Sei que me faltam nomes... mas estranho era se me lembrasse de tudo!!

Kvetch

kvetch.jpg
Capítulo 4
Lisboa.
Regresso intermitente...

Durante alguns anos o Alfa Pendular e o Intercidades foram a minha casa. Chegava a fazer a viagem 8 vezes por semana... nunca sabia se acordava em Lisboa ou no Porto. De tanto bater com a cabeça na parede ao acordar (porque a cama de Lisboa estava encostada à parede!) acabei por arranjar a estratégia de acordar e primeiro olhar ao redor! Só depois de identificar o quarto é que me levantava! E nunca mais bati com a cabeça pela manhã! Trabalhava na SomNorte no Porto e na Graficine em Lisboa, ao mesmo tempo que ensaiava A Menina que Procurava o Sol, de Maria helena Kühner, encenado pela Rita Alagão. 

Foram anos de muitas correrias! Pelo meio das viagens de comboio encenei duas versões de Grão a Grão, um espectáculo construído a partir de contos tradicionais para a Companhia Magia e Fantasia, trabalhei como actriz na Inestética companhia teatral, no espectáculo O Homem  Vazio, de e encenado por Alexandre Lyra Leite.

E nem uma Fotografia disto TUDO!!!!!

Cada vez mais por Lisboa, embarquei pel' As Três Máscaras, de José Régio, com o Nuno Nunes ao leme!

Eu, o Hugo Sovelas, a Sophie Leso e, claro, a Ana Limpinho na Cenografia e nos Figurinos. Era tempo de Máscaras, de Amores desencontrados e de Corações Pálidos.

Do Régio, não nossos!!

E agora sim, as Fotografias!

Depois fui co-autora e Actriz no espectáculo S/ Título Provisório um trabalho realizado a partir de quadros de Toulouse Lautrec, Manet e Giovanni Bellini, n’A Kind of a Black Box, isto em 2005. Comigo estavam o Rui Quintas, a Sónia Neves e a Andreia Rodrigues. Sei que desse espectáculo há fotografias e irei encontrá-las!!!

Capítulo 5
Salão de Baile!!

Este espectáculo merece um capítulo só para ele.

Quem esteve nesta criação perceberá porquê e quero acreditar que quem assistiu também!

O Salão de Baile, S.A.R.L., nasceu da vontade de fazermos uma festa com o público. Apenas isso! Eu tinha muita vontade de recriar o ambiente que se vive nos salões de baile de Lisboa e queria trazê-lo para cena partilhando-o com o público. A experiência que tinha tido no S/ Título Provisório fez-me perceber que não gostava de entrar como atriz e encenar ao mesmo tempo. A mim só me fazia sentido estar num dos lados e aqui, no Salão de Baile, queria estar como atriz. Por isso, pedi ao Hugo Sovelas para encenar, até porque ele é a pessoa que melhor compreende as minhas ideias e melhor as adapta a si mesmo. Juntaram-se a nós as pessoas mais loucas e maravilhosas que podíamos encontrar. Com o Hugo Sovelas na encenação, eu, o José Mateus, o Rui Sérgio, a Sónia Neves, a Anabela Mira e o Hugo Caroça na interpretação, a Ana Brum na cenografia, nos figurinos e... no bar! A Gi Carvalho no desenho de luz e o Rui Santos na sonoplastia. Ainda falta aqui muita gente, mas este era o grupo das digressões!

Estreámos na sala principal do Teatro da Trindade, mas o público sem se aperceber entrava para o palco e ali ficava connosco num salão de baile improvisado. Dançava, representava e, sem dar conta, estava a entrar no espectáculo, a vivê-lo! Depois do Trindade, o Baile correu o país inteiro durante anos! Acho que a última vez que o fizemos foi em 2011! São anos de histórias que enchem malas de gargalhadas, cumplicidades e sorrisos que nos marcarão o rosto sempre que nos lembrarmos deste Salão de Baile, S.A.R.L.

salao de baile

Salão de Baile, S.A.R.L., Fotografia Paulo Carmo

Capítulo 6
Encenação

Depois? Depois foi tempo de me dedicar à encenação! Estava cada vez a tornar-se mais forte a minha paixão por dirigir e criar em conjunto!

bottom of page